21/05/2018

TARÔ, INTERNET E EVOLUÇÃO


Não trabalho com o futuro, jogo o tarô no presente. Muitas vezes me perguntei se faria sentido estarmos predestinados aos importantes acontecimentos de nossas vidas. Se fosse assim, poderíamos sentar e deixar a vida correr de braços cruzados. Supondo que tudo ‘já está escrito’, qual a importância do livre-arbítrio? Esse longo questionamento sobre destino me levou a crer que são colocadas provas em nosso caminho, sim, mas é a maneira como passamos por elas que determinam o que vem a seguir. Então, cheguei à conclusão de que melhor do que prever o futuro é ajudar as pessoas a enfrentarem suas dificuldades agora. Até porque não sou vidente.

As cartas do tarô, bem utilizadas, podem mostrar algumas coisas que vêm pela frente. Mas temos o poder de transformá-las ou, ao menos, passar por elas de forma mais suave. Esse é o meu propósito ao abrir o tarô para outra pessoa. Tem sido muito bom, gratificante. Recebo feedback dos clientes contando como o jogo os ajudou. Há ocasiões em que a situação é difícil mesmo e as cartas apenas apontam a melhor forma de superá-la. Em outras, a vida está tudo de bom e é hora de curtir e avançar.

Além da análise do momento que a pessoa está vivendo, eu foco o meu jogo no autoconhecimento. Ao analisar os vários aspectos da vida de alguém me deparo com limitações e qualidades daquele indivíduo. Tudo é motivo para profunda reflexão. Se uma pessoa sabe que não se desenvolve bem em determinada área, pode pedir ajuda ou seguir o conselho das cartas para vencer aquela dificuldade. Se sabe que tem um talento especial em outro campo, entende que vai bem naquela direção, que pode ousar e brilhar. Não tem mistério; não tem vidência.

Tarô é estudo e sensibilidade para entender o recado das cartas. O que a gente pode chamar de “magia” ou “mistério” é o que faz um arcano sair em determinada casa na Mandala Tarológica de uma pessoa. Isso ninguém explica. O fato é que vai na mosca! Quanto mais jogo, mais me surpreendo positivamente com as cartas. Sempre é um recado bem dado.


JOGOS A DISTÂNCIA


Faço jogos presenciais apenas em eventos porque não tenho remuneração suficiente para montar um consultório nem ambiente adequado para tal fim em minha casa. Então, meus atendimentos são feitos a distância, por e-mail ou whatsapp. Posso garantir que não faz diferença. A magia do tarô acontece de longe também, viaja pela grande rede. Tudo é energia.

Já falei do tipo de jogo que faço, agora vou contar como é o processo. O cliente me pede a consulta usando vários canais da internet. Se a consulta for por whatsapp, preciso combinar um horário adequado para ambas as partes e é necessária boa conexão de internet. A consulta dura cerca de duas horas. Já tive consultas de mais de quatro horas e de 40 minutos. Cada caso é único. Durante o jogo, vou gravando áudios que a pessoa deve guardar porque é fundamental que ouça várias vezes. É muita informação para se captar de uma vez só.

Quando o jogo é feito usando o e-mail. Eu faço mais ou menos a mesma coisa: gravo tudo no momento em que vou abrindo as cartas. Numero as gravações e envio por e-mail. Fotografo o jogo e guardo comigo caso, depois de ouvir as gravações, o cliente fique com alguma dúvida. Até no jogo presencial peço que o cliente grave seu jogo usando o celular. A cada vez que a pessoa escuta o jogo, percebe aspectos novos e tem insights. É muito bacana! Recebo relatos de clientes que só foram compreender inteiramente alguns aspectos apontados no jogo um mês depois!

Além de considerar o tarô um instrumento para o fortalecimento pessoal, tem também consequências na coletividade. Se você está bem pode ajudar o outro; se está mal, não tem como fazer isso. Se você evolui, automaticamente ‘puxa’ quem está perto para o crescimento também. É como se diz no avião: coloque a máscara em si mesmo primeiro para depois ajudar o outro.


A HUMANIDADE ESTÁ MUDANDO


Acredito que estamos vivendo uma mudança de eras. E isso não é o tarô que me diz; trata-se de uma percepção pessoal que tem por base também, claro, o que conheço da vida de outras pessoas e estudos a respeito. Estamos menos materialistas e buscando maior conexão espiritual. A globalização nos descortinou a diversidade. A consequência foi olhar de volta para nós mesmos em busca da individualidade nesse imenso leque de possibilidades. E, aí, cada um quer se conhecer melhor, quer dar um sentido mais amplo para sua vida e busca a evolução.

A internet une e isola seguindo esse movimento de globalização e individualidade. Podemos conversar com alguém do outro lado do mundo, ver uma manifestação popular ao vivo ou até passear virtualmente pelos jardins mais belos do planeta. Podemos visitar museus e ler jornais dos mais diversos países com a ajuda de um tradutor entre os inúmeros à nossa disposição.
Por outro lado, há quem escolha se fechar como uma ostra e manter apenas relacionamentos virtuais. Desde românticos a comerciais. Do mesmo jeito que podemos nos unir a causas globais temos a possibilidade de filosofar anonimamente. Ou de xingar. Há muita baixaria nas redes sociais que não sei se aconteceriam numa conversa cara a cara. Provavelmente, não. 


MUNDO EXTERIOR E INTERIOR


Cada um escolhe seu caminho nessa imensa rede. Uns fantasiam, outros fazem amigos verdadeiros; uns são honestos, outros são impostores; uns buscam conhecimento, outros apenas diversão; uns se expõem completamente, outros medem as palavras... E por aí vai.

O fato é que não dá pra negar nem ignorar esse rico canal de comunicação. Por isso entro com meu tarô dentro dela tendo o cuidado de respeitar a privacidade alheia. Me sinto como um sacerdote em um confessionário virtual. E sabem o que mais me agrada? A sensação de um trabalho bem feito, de ter de fato contribuído para melhorar a vida de alguém. E esse tipo de sentimento surge em qualquer plataforma.


Nesse aspecto, meu lado taróloga aproxima-se da vocação para o jornalismo. Para mim, as duas atividades têm por finalidade fazer o bem. Com o tarô, faço individualmente; com o jornalismo, coletivamente. Tudo parte de relatos de vida: do individual para o coletivo. E assim também se desenvolve a História. Nos anseios que identifico nas pessoas – em uma ou outra atividade -, percebo o movimento da evolução. Olhamos para o mundo e agora queremos enxergar melhor o que acontece dentro de nós. Que assim seja.